domingo, 25 de abril de 2010

Bruxas, monstros e morte

Bruxas, monstros e morte



A mãe de uma garotinha de quase quatro anos escreveu para contar que estava considerando a possibilidade de tirar a filha da escola. O motivo? A professora conta histórias para as crianças que tratam de morte, falam de monstros, bruxas e de todo tipo de ser imaginário. Para essa mãe, isso gera medo e angústia na filha e, por isso, ela tem pesadelos frequentes. Como nossa leitora não está sozinha nesse tipo de pensamento, vamos conversar a respeito.



Temos feito de tudo para evitar que a criança sofra, não é? Ou, pelo menos, tentamos evitar que elas tenham contato com tudo o que julgamos que pode gerar dor, ansiedade, angústia e outros sentimentos semelhantes. O tema emblemático nesse sentido é a morte. Escondemos a morte das crianças: esse não é mais um tema de conversa entre pais e filhos, elas não mais participam de velórios e funerais, evitamos que assistam a filmes ou ouçam histórias que trazem a ideia de morte à tona.



Conheço uma mãe de duas crianças pequenas que assiste a cada filme infantil antes de seus filhos para averiguar se não há cenas que assustam ou trazem a presença da morte. Ela não deixou os filhos assistirem à animação "Procurando Nemo" porque a mãe do peixinho morre e ela não achou adequado que as crianças fizessem perguntas sobre isso. Consideramos esse assunto muito pesado para elas e, por isso, procuramos poupá-las dele, como se isso fosse possível. É preciso saber que não é.



Não são as histórias com seus enredos e personagens que criam para a criança conflitos, medos e angústias e tampouco apresentam a ela o tema da morte. Essas são questões humanas e, ao contrário do que alguns pensam, os personagens fantásticos e as tramas dessas histórias ajudam a criança a encontrar caminhos para entender e superar, pelo menos temporariamente, o que sente.
A atitude chamada "politicamente correta" de transformar histórias e lendas infantis de modo a subtrair delas o que consideramos que possa fazer mal à criança ou sugerir o que consideramos "maus exemplos" não faz o menor sentido. Será que esquecemos que o que pode fazer mal a elas é o que está presente na realidade do mundo adulto, agora totalmente acessível a elas?
Não é hipócrita não mais cantar "Atirei um pau no gato", mas permitir que as crianças assistam a campeonatos de futebol em que jogadores intencionalmente se agridem para levar vantagem? Não é curioso evitar que elas ouçam histórias de bruxas que perseguem crianças, mas permitir que assistam a noticiários que mencionam assassinatos e abusos sexuais de crianças?
Que as bruxas, os duendes e os monstros, as madrastas malvadas e as crianças órfãs habitem o imaginário de nossas crianças é tudo o que podemos desejar. É que nesse mundo, diferentemente do mundo adulto, elas contam com as fadas e suas varinhas de condão, com os príncipes que salvam as princesas do sono eterno e, principalmente, com um final em que o bem vence o mal.
Categoria: Folha Equilíbrio



Escrito por Rosely Sayão às 13h57
 
Grifo meu:  Em partes, concordo com essa matéria, penso que é até um tema polêmico, porém interessante. Realmente tiramos o boi da cara preta, o pau no gato a cuca e outros personagens da música, pensando que isso poderia traumatizar nossas crianças. Mas são cantigas populares e perduram por tanto tempo na cultura popular. É fato que atualmente temos muitas músicas interessantes educativas, como por exemplo, as músicas do cocórico. Adoro ouvir aquela música "Vem comer bolo de cenoura com cobertura de chocolate quente" essa letra nos remete a uma cena de uma tarde de chuva, deitado no sofá comendo um bolinho de cenoura, ótimo não?




Mas e a cuca e o boi da cara preta, te causou algum trauma??? Na minha vida não causou, ao contrário gosto de trazer à memória a voz da minha mãe cantando essas músicas, que gostoso. Que pena não tinha cocórico naquela época, se tivesse com certeza seria melhor ainda.


Vejam bem, não estou negligenciando os fatores que podem causar traumas em crianças, porém penso que as relações conturbadas, as famílias agitadas, sem rotinas, sem disciplinas, isso sim geram crianças ansiosas, traumatizadas e que futuramente não saberão lidar com suas próprias frustrações.


Somos adultos assim também, mas não por causa da cuca, do lobo-mau e o boi da cara preta, mas sim por conta das estruturas emocionas mal resolvidas em nossas vidas.


Sei lá quem é a cuca! Mas sei da professora que me maltratou e me colocou de castigo atrás da porta. Sei lá do boi da cara preta! Mas sei dos meu amigos de escola que me maltratavam pelo fato de eu não saber jogar vôlei, e não agregar no time das meninas. Sei lá do lobo mau! Mas sei do dia que cai horrívelmente de um laje de três metros e me machuquei toda.


Por fim, quero concordar em partes com a Rosely e dizer que, não adianta encontrarmos desculpas para os comportamentos inadequados das crianças, o que adianta é olhar nos olhos delas e lhes dizer o que é bom e o que é ruim, o que pode ou não ser feito, enfim educá-las, sem medo, já que quando crescerem, uma boa educação não lhes causara trauma nenhum.


É isso.

bjs

Um comentário:

Karine e Rafinha! disse...

conordo com a matéria e com vc, acho que não são músicas que fazem as crianças e sim toda a educação que vem de casa...tudo deve ser conversado e não evitado....bjusss